quinta-feira, julho 07, 2011

Meu nome é cinema brasileiro porra!

Depois de Cidade de Deus o cinema brasileiro nunca mais foi o mesmo. Claro que a estética glauberiana e o Cinema Novo já tinham iniciado uma transformação porém, a partir da primeira década do ano 2000 uma série de filmes - Cidade de Deus(2002), Carandiru(2003) e Tropa de Elite(2007) - chegaram a patamares nunca antes alcançados alterando de forma irreversível a produção audiovisual brasileira. 

Novos mercados surgiram, interesses estrangeiros em produções nacionais e uma cobiça até então rara em nosso vasto elenco de atores, atrizes, e em menor escala roteiristas e diretores também se fez presente. E diversas ações mostram uma continuidade no crescimento dessa indústria no Brasil.

O FAM 2011 (Florianópolis Audiovisual Mercosul) realizado no final de junho em Florianópolis é um dos efeitos colaterais desse processo, demonstrando a força e a tentativa de pulverizar as produções de cinema, ainda muito concentradas no eixo Rio-São Paulo. Durante os 8 dias de festival foram exibidos 81 filmes de diversos países com uma estimativa de público em torno de 25 mil pessoas. Inúmeros fóruns debateram a cultura estética da produção audiovisual e assuntos relacionados a categoria, atingindo o objetivo inicialmente proposto pela organização do evento. 

O grande vencedor do festival - que comemorou 15 anos em 2011 - foi "O Plantador de Quiabos" que arrebatou os prêmios de melhor filme tanto pelo Júri Popular quanto pelo Júri Oficial. Simples, realista e ao melhor estilo "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", o curta contou com a participação de Paulo Tiefenthaler (o excêntrico cozinheiro do Larica Total), que agradou a todos e levou também o Prêmio Itapema pelas mãos do guru da emissora Pedro Leite.

A expansão da indústria cinematográfica no Brasil também produziu reflexos no YouTube. A partir de hoje o cinema brasileiro contará com um canal especializado na divulgação e promoção de curtas, longas e festivais que envolvem a produção audiovisual brasileira. E terá sua inauguração com a cobertura do Festival de Cinema de Paulínia sob o comando de Paulo Tiefenthaler. 

O diretor de cinema Cacá Diegues receitou certa vez que os cineastas brasileiros não deveriam jamais tentar fazer o que se faz em Hollywood, com pirotecnias e orçamentos bilionários. Segundo Diegues deveríamos sim mostrar como é o povo brasileiro em seus infinitos aspectos, sua miscigenação única no planeta, sob a ótica brasileira. E o estrondoso sucesso de Cidade de Deus e Tropa de Elite mostram que o caminho é esse, dialogar com todas as classes, atingir a massa retratando a não ficção. O acesso desinibido e ilimitado que temos com o nosso povo estão fazendo do cinema brasileiro algo com características - estéticas, visuais e linguísticas únicas. Nosso futebol, o carnaval, nossa música, todos esses elementos atingiram seu ápice em escala mundial. Naturalmente, o cinema brasileiro é o próximo da fila.