quarta-feira, outubro 26, 2011

Baforadas

Ernest Hemingway mirando jornalista desavisado
Apesar de nada cordiais alguns escritores famosos respondem à altura perguntas previsíveis e sem conteúdo feitas pelos entrevistadores. Essas entrevistas foram feitas pela publicação Paris Review em ano desconhecido. Destaquei a do Ernest Hemingway e William Faulkner, que por sinal se odiavam.

ENTREVISTADOR: O senhor recomendaria para o escritor jovem o trabalho no jornalismo? Sua experiência no Kansas City Star lhe foi de alguma ajuda?
HEMINGWAY: No Star você era obrigado a aprender a escrever uma sentença declarativa simples. Isso é útil para qualquer um. O jornalismo não faz mal a escritor jovem, e pode ajudá-lo se ele sair dele a tempo. Isto é um dos clichês mais surrados que existem, e peço desculpas por usá-lo. Mas, quando você faz perguntas velhas e batidas, expõe-se a receber respostas velhas e batidas.
(…)
ENTREVISTADOR: É fácil para o senhor mudar de um projeto literário para outro, ou o senhor continua até o fim aquilo que começa?
HEMINGWAY: O fato de ter interrompido trabalho sério para responder estas perguntas prova que sou tão burro que deveria ser seriamente castigado. E serei, não se preocupe.
(…)
ENTREVISTADOR: Como nomeia seus personagens?
HEMINGWAY: Da melhor maneira que posso.
(...)
ENTREVISTADORA: Algumas pessoas dizem que não conseguem entender o que o senhor escreve, nem mesmo depois de ler duas ou três vezes. O que o senhor poderia lhes sugerir?
FAULKNER: Que leiam quatro vezes.
(…)
ENTREVISTADORA: Muitos escritores contemporâneos citam Freud como uma influência. O senhor também?
FAULKNER: Todo mundo falava sobre Freud quando eu morava em Nova Orleans, mas nunca o li. Shakespeare tampouco o leu. Duvido que Melville o tenha lido, e estou certo de que Moby Dick não o leu.