quinta-feira, março 01, 2012

Para o Bial ler

“Não é justo que o negro
pague sozinho
por este estupro.

Também pague o Bial,
pague o Boninho,
pague a TV
de Roberto Marinho.

Quem fez a merda,
patrocinou a festa,
trouxe o vinho.

Ah, mano, brother,
meu irmão.

Por causa do crime
o Brasil todo, sim,
ao paredão.

Inclusive eu,
que faço esse poema
sem jeito.

Perco tempo
com este assunto.

Eu, sem talento.
Eu, bundão.

Covarde,
sem ter o que fazer
ligo a televisão.

E vejo.
A toda hora
o Bial citar
o Velho Guerreiro.

Aquele mesmo
que cuidava do traseiro
da Rita Cadillac
com o mesmo respeito.

Com que a câmera come,
hoje em dia, cada silicone,
curva, calcinha.

Acho que virei puritano,
melhor eu ficar na minha.

Só não posso concordar
que apenas o negro
tenha de pagar pelo abuso
coletivo.

Por debaixo dos panos,
todas as noites,
sempre foi este
o nosso programa
preferido.”


#Poema de Marcelino Freire