quinta-feira, junho 07, 2012

Estou em um relacionamento do tipo "fala sério"


Toda linda, ruivinha, botas com a marca da elegância paulistana, interrompe a marcha lenta deste pobre cronista do amor & da sorte.  Boca da estação do metrô Paraíso.

- Por favor, só um minuto, Xico. É urgente -disse. -Se não vou ter que recorrer a Miss Corações Solitários – falou do personagem que uso para acalmar almas aflitas.

Desembucha, Lola, fala que te escuto.

A dúvida cruel da gazela: dou ou não dou presente pro desalmado?.

Aí contou toda sua vida em cinco linhas. Além de ter todo jeitão bagaceiro de quem não curte esse romantismo da data, o suposto “namorado”  nunca assumiu direito o “namoro”-ela fez aspinhas sexy com os dedos.

Encontros & desencontros, minha linda Sophia Coppola, como no filme aí acima que recomendo.
Bem na linha de um status amoroso picareta que poderia ser criado pelo Facebook: “Estou em um relacionamento fala sério”.

Nada mais sintomático da nossa era. Curto. Não curto. Depende da fase.

Aconselhei: esqueça o presente, querida gazela que me consulta nesta manhã gelada de São Paulo.

Se você mal sabe que tipo de história vive, dê uma banana à data dos pombinhos.

Não adianta cair no conto de que é só um regalito, uma lembrança, tentar dizer que não é pela data etc. Você pode ouvir uma grosseria desnecessária. Do jeito que esses lenhadores urbanos andam insensíveis.

Corra, Lola, corra dessa onda.

Se você mal sabe se é namoro ou amizade, esqueça. Deixe estar o romance clandestino.

Repito um diagnóstico que sempre faço aqui no blog: no tempo do amor líquido, para lembrar o título do livro de Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos encontros amorosos, é difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero…

Não se pede mais em namoro.

No tempo do “ficar”, quase nada fica, nem o amor daquela rima antiga.

Dá um pé na bunda da ansiedade, baby, e curte um bom feriado.

É o conselho do tio para a gazela aflita.

#Escrito por Xico Sá, o conselheiro mais cobiçado da paróquia. E aproveito o gancho para recomendar a belíssima película de Sophia Coppola, um tapa na cara dos sensíveis. Mas veja ao lado do bofe para uma discussão acalorada após o filme. Nesse frio cai bem.