domingo, setembro 09, 2012

A traição amorosa e o plágio da cantada*


O caso de uma mulher teimosa e reincidente.
A amiga M. conta que, mais uma vez, caiu na tentação de fazer uma rápida espionagem no telefone do mancebo.
De novo, M.? Não tens jeito.
Quem manda! Quem procura, acha, como grita o adágio popular mais óbvio. Ela aproveitou o banho do mala para ver, pelo menos, as últimas mensagens de texto.
Maldita caixa de entrada. Claro que encontrou merda, com licença da palavra.
Encurralado, o condenado, o miserável já havia dito que ficara com outra donzela. Nada demais, só uns beijos, disse o réu confesso diante das provas incontestáveis.
(Provas, diga-se, em tempos de julgamentos no STF, obtidas de forma ilegal na espionagem amorosa).
O infeliz das costas ocas, o lazarento, o febre-do-rato, o cabra safado -aqui reproduzo fielmente o rosário de adjetivos usado por minha amiga traída- aproveitou um desses carnavais fora de época para a famosa prática do pulo à cerca, o mais olímpico e familiar dos esportes brasileiros.
Um homem picareta e uma folia de micareta, definitavamente, não rimam com fidelidade e amor.
A amiga M., porém, já sabia com quem lidava. Idiota quem acha que é tarefa fácil engambelar uma fêmea. Não que o moço fosse de tudo um canalha legítimo, era apenas um homem, ainda um amador nessa arte do cafa.
O que incomodou mesmo a colega foi a falta de criatividade do desalmado. O fdp havia escrito para a nova presa a mesmíssima coisa que rabiscara mal e porcamente na mensagem com destino à doce M. no começo do namoro.
Tudo bem, não era nada genial, mas uma frase comovida, dizendo quão bela fora a primeira noite dos dois juntos.
Ela ficaria revoltada de qualquer  modo. Afinal de contas tem ego e amor próprio. Mas o que doeu mais, no fígado mesmo, foi esta repetição. Dividir as mesmas palavras com a “vagabunda”.
Claro que o ciúme não é apenas do plágio descarado, da cópia automática, mas isso prova como os homens, além de frouxos para encarar os romances, andam sem a menor criatividade.
Gente que gasta a maior lábia para os negócios e os projetos de trabalho e é incapaz de variar em duas linhas de uma mensagem amorosa.

*Escrito por Xico Sá (Beba da Fonte)