terça-feira, abril 15, 2014

A Maconha em Debate

O maconheiro gera o traficante que gera o tropa de elite que fugiu da escola
Dizer que o consumo de maconha deve continuar crime porque produz o traficante é o mesmo que dizer que o álcool e o cigarro devem ter consumo irrestrito porque sua produção e comercialização geram empregos.
É claro que o consumo produz uma demanda pelo fornecimento. Óbvio! Até aí o argumento tropa de elite está certo. Mas se este fornecimento será "tráfico ilícito" ou "comércio lícito" dependerá da proibição e não do consumo. [o "tropa" cabulou as aulas de lógica].
Na mesma linha, poderia dizer também que quem consome carros produz trânsito e que quem quer rezar em público produz padres e pastores. Mas produz a violência no trânsito e a corrupção nas igrejas? Forçado...
[na próxima onda de pedofilia nas igrejas, o capitão nascimento deveria continuar macho e expulsar os fiéis do templo dizendo que são eles que financiam essa m. toda!].
[Aos cadernos, zero um!]
Soletrando: dizer que quem fuma maconha produz o crime de tráfico é o mesmo que dizer que quem consome produtos feitos na Ásia - quase todos! - produz a exploração de crianças e o trabalho escravo que abundam por lá. A relação não é simples assim. Ou mereceríamos todos cadeia!
Desenhando: o consumidor produz o consumo, mas só a lei proibitiva produz o tráfico. Então quem produz o traficante? O proibicionismo. Sim, não são os maconheiros, mas a própria lei que financia essa m. toda.
Não é à toa que a disputa de pontos de álcool (droga das mais nocivas) não é armada: é disputa lícita por clientes, enquanto a disputa por pontos de drogas ilícitas mata muitos (policiais, criminosos, inocentes). A diferença não está no tipo de droga e sim no tipo de regulamentação.
[E não me venha com tolices do tipo: "então vamos liberar o estupro que não haverá mais estupradores!" Isso seria um erro grosseiro de lógica, uma reductio ad absurdum. O consumidor de drogas não violenta os demais. Quando muito, violenta o seu próprio corpo, que é dele e não seu. Diferente de estupradores e assassinos. Basta ter sido aprovado no teste do pezinho para compreender a diferença].
Em resumo, a tese do tropa só faz sucesso nos raciocínios entorpecidos por muito filme e pouca lógica.
Obs. I. Não sou maconheiro. II. Compro produtos feitos na Ásia, como Nike e Samsung. III. Sou pai e procuro educar meus filhos para que busquem uma vida saudável, sem "baratos" artificiais (venham de cigarros, bebidas ou drogas em geral). IV. Só não acho que será com proibicionismo ingênuo ou hipocrisia que eles serão efetivamente protegidos. V. Se acertar na educação, crescerão sabendo que a intolerância e a persistência obsessiva no que sempre deu errado não fazem parte da solução de nenhum problema. VI. E isso não significa que sou a favor da "liberação", mas sim de formas menos agressivas e mais eficazes de regulamentação. V. E que gosto de debate, mas que o moralismo é o seu inverso e uma verdadeira droga. VI. Que ao invés de me xingar por não pensar como você, vá curtir o barato que você obtém da própria raiva.

#Escrito por Sandro Sell (via facebook)