Já é hora de os EUA e o Ocidente encararem algumas realidades. Quando se trata do Oriente Médio, às vezes tenho a impressão de que a chamada "política da Zona Verde" contaminou os corredores do poder ocidental. A Zona Verde de Bagdá é a fortaleza murada de uma sociedade imaginária que os EUA criaram no Iraque, enquanto do lado de fora dela reina o caos sangrento. De forma semelhante, os EUA tentaram reduzir o Irã, uma sociedade sofisticada, a refúgio -integrante do "eixo do mal"- de um bando de malucos determinados a atirar uma bomba atômica sobre Israel. Só quando o Ocidente voltar a tratar com o Oriente Médio como ele é, e não como sonha que pode ser, a redução de tensões se tornará possível. Isso também envolverá a coragem de enxergar Israel pelo que é: uma nação que recorre com frequência demais à força militar, como em Gaza, numa tentativa inútil de dobrar o Oriente Médio a sua vontade. Perguntei a Hussein Shariatmadari, editor do jornal pró-governo "Kayhan", se o Irã tem vínculos com organizações terroristas. "Se tivéssemos vínculos com os EUA", ele retrucou, "poderíamos afirmar que estamos ligados à maior organização terrorista do mundo".
*Roger Cohen