Não conquistei muitos títulos, mas pelas manobras que fazia nas ondas era o mais ousado, o mais radical surfista. Enquanto o pessoal se enchia de medo de cair da prancha, eu não tinha temor de coisa nenhuma: arriscava tudo! Era como um showman. Quando chegava a hora da minha bateria, todo o mundo corria, exclamando: “É a bateria do Dadá! Ele vai disputar agora!” Havia uma competição específica para ver quem faria a manobra mais radical (expression session), que eu ganhava sempre – isso sempre antes das finais dos campeonatos.
Obtive alguns bons resultados internacionais nos poucos eventos que disputei, e em 1989, fiquei em 5º lugar no TDK Gotcha Pro no Hawaii, e também fui campeão carioca. Em 1992 ganhei uma etapa do campeonato brasileiro. Estava sempre entre os 16 melhores do Brasil e do Rio de Janeiro, conhecidos como Top Sixteen. Muita gente não tinha dúvida de que eu poderia fazer frente aos surfistas estrangeiros. Desfrutava bastante fama, e também, de certa forma, o respeito dos próprios competidores.
Era uma pessoa muito visada, pois estava sempre envolvido com muita bagunça. Fui preso uma vez, chegando num campeonato em Florianópolis (SC) às sete horas da manhã, voltando da delegacia. Logo no dia seguinte lá estava eu no jornal... Por ocasião da entrega de prêmios aparecia sempre bêbado, xingando com a maior ousadia todo mundo. Enfim, era um surfista de quem muita gente gostava, muitos odiavam.