quinta-feira, janeiro 28, 2010



Estou acompanhando esse Big Brother 10, a primeira edição que resolvi seguir. Pra quem já tinha perguntado - acho que aqui mesmo nessa coluna - se dão prêmios para quem assiste também, essa é uma bela de uma capitulação. Estou curtindo barbaridade.

Agora faço parte do grupo da plebe ignara que assiste reality show e é discriminada por gente que acredita ser impossível olhar para um televisor ligado na Globo depois da novela sem perda de massa encefálica. Aposto que há quem coloque no seu currículo vitae, junto com a experiência profissional e o cursinho completo de inglês: “não vejo Big Brother”.

É verdade que não existe uma justificativa com estofo intelectual para assistir a essa babaquice. O programa pode até servir como demonstração prática do fenômeno da conformidade e outros processos mentais, mas não há viés psicológico que justifique perder tempo vendo vários marmanjos e gostosas participando de provas que envergonhariam a produção do programa da Xuxa. E além de tudo, com o texto do Pedro Bial.

O que há pra ver ali é só mesmo o deleite com as misérias da vida alheia, a mesquinhez com que aquelas figuras parcelam sua dignidade em troca da possibilidade de ir ficando mais um pouco mais naquele lugar, na esperança de mudar de vida. Não parece um pouco a sua relação com seu trabalho? Não responda agora, Bial.

Mas o que mais espanta em algumas pessoas que rejeitam o programa - aliás, um show do pessoal da edição - é que elas não desgostam do trash per se; muitas são fãs de outros tipos de prazer televisivo culpado, Chaves, Wagner Montes, Tiririca. Não sei se o fator TV Globo, considerada o símbolo antipático de um modelo de TV que passa verniz no lixo, conta.

Mas esse preconceito específico é uma bobagem. Pra mim Big Brother é o kitsch puro, a coisa real. Não sei se há um nível seguro do consumo para esse tipo de matéria prima, mas parece que inventaram o trash kosher.


*Escrito por Arnaldo Branco - Beba da Fonte