sábado, abril 17, 2010

Do blog Eu Dou Para Idiotas

Todo mundo sabe que uma das coisas legais pra se fazer quando se está fora do Brasil é pegar não-brasileiros - em teoria. Eu sabia disso, e fiquei meio frustrada com o fato de que, em menos de 48h com os pés em terras gringas, o primeiro cara que eu peguei foi um brasileiro.

Tudo que eu pensei no dia, no entanto, foi aos poucos sendo repensado. Primeiro, quem diabos mal chega em terra alheia e já vai arrumando um date assim, no segundo dia? Num lugar onde você é levada a mil cafés antes de ser beijada pela primeira vez, passar a noite na cama de alguém em tão pouco tempo foi uma façanha. Eu não sabia disso, claro. Depois, o brasileiro. Eu também não sabia disso, mas pegar brasileiro é muito mais gostoso, e acho que dificilmente alguém vai me convencer do contrário.

Eu cheguei na cidade e tava me sentindo muito sozinha, muito mesmo. Não conhecia ninguém, a cidade é povoada apenas por crianças (5%), homens casados (25%), esposas que odeiam brasileiras (25%) e velhas-dos-gatos (45%). Lembrei que no dia anterior conheci um brasileiro meio chato, mas eu não tinha nada pra fazer, era o único contato de alguém da minha idade e ele morava na cidade vizinha. Combinamos de nos encontrar lá, pra ver um jogo do campeonato europeu. A cidade estava em festa.
Ele foi bacana, comprou vinhos e queijos que ele gostava - todo mundo sabe como é fácil me conquistar com comida. Eu não levei nada; nem sabia onde comprar. Tentamos assistir o jogo no telão da praça, mas o vinho era muito mais legal que qualquer clima de copa do mundo. Eu fiquei muito bêbada, e consequentemente o sujeito começou a me parecer muito legal. Tudo que me lembro é que de repente eu estava no castelo beijando o brasileiro. A vista do mar era linda, o clima era perfeito, as pedras sob meus pés datavam do século 13, eu estava feliz e o beijo era muito bom. O cara não foi não foi ninguém especial pra mim, mas eu não consigo me lembrar de uma cena de beijo mais perfeita do que essa. Ok, talvez eu me lembre de umas outras duas ou três, mas essa com certeza faz parte das top 5.

A coisa tomou um rumo óbvio - descer pra praia. O passeio é bonito, a praia não é nenhuma Copacabana, mas é bem charmosa. O brasileiro, que não era carioca mas era bem malandro, conhecia a praia toda e, sem mais detalhes, ficamos um bom tempo deitados na areia, entre as pedras grandes. Foi tudo muito legal, tudo parecia cena de filme.
Depois disso eu não fiquei com nenhum outro brasileiro. Peguei uns outros caras e namorei um local, mas, na boa, nada se compara a ficar com alguém que compartilha da mesma bagagem cultural que você. A mesma língua, as mesmas gírias, os mesmos costumes safados... Parece bobo, mas é muito chato você querer fazer uma piada e saber que a pessoa não vai entender. Referências a Sílvio Santos só funcionam com brasileiros. Só alguém que nasceu aqui nos anos 80/90 sabe a importância que a Xuxa teve na nossa infância. Discussões sobre preferência por Toddy ou Nescau só fazem sentido com quem cresceu no mesmo mercado que você. É bobo? É. Mas faz falta num relacionamento. É chato namorar alguém com quem só se pode falar coisas sérias - ou ter que explicar o contexto de cada caso da sua vida: "porque no Brasil tem um negócio chamado pastel, mas não é isso que você acha que é, é outra coisa, blá blá blá explica o que é pastel, e o pastel do meu colégio era muito gostoso..." MUITO chato. E muito sem graça também.

Pra safadeza é até divertido pegar americanos, porque todo mundo sabe fazer dirty talk em inglês americano (e viva o tube8.com), dá pra fazer piadas e citar Friends e Big Bang Theory, e o dirty talk é bom e... Eu já falei do dirty talk? Mas experimente fazer isso em qualquer outra língua: não funciona. Você até sabe o que as palavras significam, mas é tudo muito, muito broxante. Digam o que quiserem, mas nada é melhor do que o bom e velho (e brasileiro) "gostosa". Senti muita saudade.

Beba da Fonte