quarta-feira, setembro 29, 2010

Na trincheira

Tô falando que o cara é "zica". Tem nego até preparando um documentário sobre o rapper, que só lançou um disco com 25 faixas, uma melhor que a outra. Segue trechinho da entrevista que a turma d'O Esquema (via URBe) fez com Emicida.

URBe - E o que você pensa do tipo de rap que faz sucesso hoje em dia, de Lil Wayne, Soulja Boy, T-Pain, Black Eyed Peas, etc? Fale da sonoridade e do discurso separadamente.

Emicida - Gosto de Lil Wayne, ele é foda mano. Soulja Boy eu não conheço, ouvi uma musica só e não gostei, achei chato pra caralho, repetitivo, vazio. A música em si as vezes é boa mano, eu gosto mesmo, tipo “A Milli”, a introdução do disco do T-Pain é foda, aquela “Welcome to 3 Ringz”. Os caras sabem fazer música boa, mas existe um mercado que eles obedecem, compreendo e respeito isso.

Quanto ao discurso, ainda não vi, quando ver terei prazer em falar sobre ele. É sempre a mema merda, “eu tenho grana, como todas as putas, as pessoas querem ser iguais a mim porque sou rico”. As vezes isso mostra como o espírito das pessoas é pequeno. Esses caras foram vítimas de um sistema no passado que os discriminou por não terem essas coisas e a maneira que eles respondem hoje é essa.

Acho triste, acho que somos mais, e no Brasil tem um pessoal indo na mesma onda Mas enfim, vejo nas idéias dos caras um medo, uma fraqueza de espirito. É aquilo que o Edy Rock falou, marginal tem estilo, ninguém consegue imitar.

Isso que os caras louvam hoje é estética. Em vinte minutos na galeria você se veste igual ao 50 cent, mas tomar nove tiros e guentá o B.O. é otros 500. Acho que o que vai fazer o rap se solidificar mesmo no Brasil é a essência do rap marginal, o que tem estilo e ninguém consegue imitar.