quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Ben Harper, os haoles, os nativos e os babacas*

Queira Deus que eu não esteja enganado… Queria Ele que eu queime a minha língua e que tudo ocorra às mil e uma maravilhas.
Mas sou obrigado a confessar que algo me assusta nesta história do show do Ben Harper.
Não sou contra o show, adoro as músicas dele… Mas tem muita coisa nebulosa aí.
Primeiro: o local do evento.
Depois: as várias indecisões sobre o show:
1. Era de graça, depois virou dois quilos de alimentos;
2. Seriam 20 mil pessoas, depois viraram 10 mil e por fim 8 mil;
3. Os ingressos seriam trocados mediante o preenchimento de um formulário no site. Depois disso, a pessoa imprimiria o cupom e trocaria pelo tão sonhado bilhete. Agora os interessados tem que mandar um réles e vagabundo email e torcer que para que sejam um dos 4 mil primeiros a fazê-lo.
4. Tem licença, não tem licença?
5. Quem não conseguisse ingresso iria acompanhar o evento em telões na praia. Não. Não existem mais telões.
São inúmeras e inúmeras questões que me deixam com um pulgueiro atrás da orelha. Lógico, estarei ali, torcendo para que nada de muito ruim aconteça. E trabalhando obviamente, Que todos tenham seus ingressos e que tudo ocorra na maior paz, com músicas da melhor qualidade.
Ninguém é contra belos eventos na cidade. Mas só quem vive a realidade do Campeche sabe da completa falta de infra-estrutura do local para sediar um mega evento desse.
E a preocupação não é coisa dos “haoles”, como uns babacas  fazem questão de alardear inclusive na imprensa, transformando o debate de uma coisa séria sobre o futuro – e o presente – de Florianópolis em uma ridícula e ultrapassada demonstração de xenofobia.  Isso é de uma cretinice sem tamanho, sejam os autores desses comentários os “locais”, haoles ou seja lá o que for.
Só para provar o que digo segue um relato do Athaíde Silva. Morador do Campeche, nativo, surfista das antigas e coordenador do protesto contra o show do Ben Harper. Ele esteve na Câmara Municipal na noite desta segunda-feira, dia 1º de fevereiro, para pedir uma “moratória” nas construções do bairro até que o tal plano diretor deixe de ser uma história da carochinha argentina para virar realidade.
Acho que o show do Ben Harper deve ocorrer sim, por tudo o que já foi feito e promovido. Milhares de pessoas votaram e estão interessadas.
Mas podemos daí, tirar proveito para discutir sobre quais os locais adequados e os rumos de Floripa.
Atendendo ao pedido de um jornalista local, ponho na tela a declaração do Athaide. Acho que não precisa mostrar a identidade dele né, “rapeize”? Trata-se de um nativo puro sangue.
*Escrito por Fabrício Escandiuzzi

#Apud Gui Barcellos