Um museu de Los Angeles inaugurou a maior exposição até hoje de “arte nas ruas”, vulgo grafite. É uma retrospectiva cobrindo a história da coisa, dos anos 60 até hoje. Sou a favor dessa exposição: lugar de grafite é mesmo no museu. Ou nas galerias de arte, nas paredes internas da casa do “artista” ou dos críticos, ou em qualquer lugar. Menos nas ruas.
Não gosto de ser obrigado a consumir “arte” quando não estou a fim. Se abre uma fabulosa exposição de Miró ou Hopper no Rio ou em São Paulo, posso escolher o dia em que irei visitá-la. Ou em que não irei. Enfim, se há um Miró ou um Hopper na cidade, posso exercer meu direito de vê-lo ou não. Mas, se preciso passar todo dia por uma série de muros emporcalhados com grafite, não me dão esse direito. Tenho de vê-los, queira ou não.
Às vezes, leio que a polícia prendeu grafiteiros atuando em algum muro, viaduto ou fachada de prédio abandonado. Eles se ofendem, alegam que estão dando “um presente à cidade” e logo são soltos. A própria imprensa dá a notícia sob a rubrica “Arte incompreendida”. Mas há cidadãos conservadores, que dispensam tais presentes e preferem que a prefeitura se encarregue de limpar os quarteirões depauperados -que, quanto mais grafitados, mais hostis.
Uma das “instalações” na retrospectiva de Los Angeles mostra um beco escuro e grafitado, com lixo espalhado pelo chão. Deve ser fascinante num museu. Mas, na vida real, a cena indica um território fora do controle do poder público, impróprio para habitação e sujeito a marginais. Não por acaso, os grupos de grafiteiros se definem como gangues -quadrilhas.
Nos EUA, com ou sem exposição, grafite é vandalismo e dá cadeia. No Brasil, já que a tolerância é maior, por que as prefeituras não liberam seus galpões ociosos para que os grafiteiros os rabisquem à vontade -pelo lado de dentro?
Não gosto de ser obrigado a consumir “arte” quando não estou a fim. Se abre uma fabulosa exposição de Miró ou Hopper no Rio ou em São Paulo, posso escolher o dia em que irei visitá-la. Ou em que não irei. Enfim, se há um Miró ou um Hopper na cidade, posso exercer meu direito de vê-lo ou não. Mas, se preciso passar todo dia por uma série de muros emporcalhados com grafite, não me dão esse direito. Tenho de vê-los, queira ou não.
Às vezes, leio que a polícia prendeu grafiteiros atuando em algum muro, viaduto ou fachada de prédio abandonado. Eles se ofendem, alegam que estão dando “um presente à cidade” e logo são soltos. A própria imprensa dá a notícia sob a rubrica “Arte incompreendida”. Mas há cidadãos conservadores, que dispensam tais presentes e preferem que a prefeitura se encarregue de limpar os quarteirões depauperados -que, quanto mais grafitados, mais hostis.
Uma das “instalações” na retrospectiva de Los Angeles mostra um beco escuro e grafitado, com lixo espalhado pelo chão. Deve ser fascinante num museu. Mas, na vida real, a cena indica um território fora do controle do poder público, impróprio para habitação e sujeito a marginais. Não por acaso, os grupos de grafiteiros se definem como gangues -quadrilhas.
Nos EUA, com ou sem exposição, grafite é vandalismo e dá cadeia. No Brasil, já que a tolerância é maior, por que as prefeituras não liberam seus galpões ociosos para que os grafiteiros os rabisquem à vontade -pelo lado de dentro?
Não concordo. Acho que algumas cidades necessitam de grafites sim, com o consentimento do poder público ou não. O grafite é uma forma de arte urbana que é o reflexo da sociedade em que vivemos. E deve ser consumido nas ruas (onde nasceu) e nos museus. Há tanta poluição visual nas grandes metrópoles, os grafites se não embelezam - na visão conservadora do nobre jornalista Ruy Castro - também não atrapalham. Deixem o grafite em paz.
#Peguei o gancho no Trabalho Sujo
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