“O modelo de transporte coletivo
baseado em concessões para exploração privada e cobrança de tarifa está
esgotado. E continuará em crise enquanto o deslocamento urbano seguir a lógica
da mercadoria, oposta à noção de direito fundamental para todas e todos. Essa
lógica, cujo norte é o lucro, leva as empresas, com a conivência do poder
público, a aumentar repetidamente as tarifas. O aumento faz com que mais
usuários do sistema deixem de usá-lo, e, com menos passageiros, as empresas
aplicam novos reajustes. Isso é uma violência contra a maior parte da
população, que como evidencia a matéria publicada pelo portal UOL, chega a
deixar de se alimentar para pagar a passagem. Calcula-se que são 37 milhões de
brasileiros excluídos do sistema de transporte por não ter como pagar. Esse
número, já defasado, não surgiu do nada: de 20 em 20 centavos, o transporte se
tornou, de acordo com o IBGE, o terceiro maior gasto da família brasileira,
retirando da população o direito de se locomover. População que se desloca na
maioria das vezes para trabalhar e que, no entanto, paga quase sozinha essa
conta, sem a contribuição dos setores que verdadeiramente se beneficiam dos
deslocamentos. Por isso defendemos a tarifa zero, que nada mais é do que uma
forma indireta de bancar os custos do sistema, dividindo a conta entre todos,
já que todos são beneficiados por ele.”