segunda-feira, outubro 04, 2010

Somewhere

Por Pedro Henrique Barros

É fácil entender porque Sofia Coppola é uma das diretoras mais conceituadas do cinema contemporâneo. Com “Lost in translation”, a garota se estabeleceu no mercado, além de mostrar para o mundo que está na crista da onda de todas as tendências da cinematografia atual. “Somewhere” chega aqui para mostrar de uma vez por todas (como se precisasse) a acuidade com que a diretora consegue trabalhar elementos tão viscerais da sua obra.

O filme fala de um hot shot de Holywood que se encontra com crise existencial enquanto trabalha o relacionamento com a sua filha. O isolamento e a incomunicabilidade lembram bastante a rapsódia oriental da diretora. O que muda é como as unicidades da vida do gostosão remetem a um novo universo. Um universo que Sofia entendeu e explorou de um jeito que só ela sabe. A personalidade do ator é extremamente complexa e extremamente bem trabalhada. A forma como conseguimos entrar na psiquê dele mesmo sem mesmo uma única palavra mostra o talento da diretora de criar uma experiência sensorial.

Dizer que sua filmografia é modesta por ter apenas quatro longas é um equívoco, já que todos se tratam de filmes consagrados. Quando o mercado cinematográfico está abarrotado de filmes 3D, fica impressionante como Sofia consegue oferecer uma experiência tridimensional sem o uso de óculos. A gente entra no filme, e o filme entra na gente (sem duplos sentidos).